30 anos de experiência em cirurgia plástica avançada.
Opinião, por Alberto Caldeira (cirurgião plástico)…
Opinião, por Alberto Caldeira (cirurgião plástico): “Como as pessoas não estão podendo viajar, e estão mais isoladas em casa, resolveram investir em si próprias”

O Brasil é o segundo país do mundo onde mais se faz cirurgia plástica, em número de procedimentos cirúrgicos estéticos, abaixo apenas dos Estados Unidos. É também o segundo do mundo em número de publicações científico-cirúrgicas. Essa tendência, a partir da segunda fase da pandemia da Covid-19, tem aumentado — houve um crescimento significativo e importante no número de pacientes interessados em cirurgia plástica. Está acontecendo um boom neste início de 2021, e isso em todas as clínicas e consultórios e em níveis sociais distintos, mesmo os menos favorecidos. Como as pessoas não estão podendo viajar, e estão mais isoladas em casa, resolveram investir em si próprias, em procedimentos que resultem em uma melhoria da autoestima, do senso de valorização pessoal.

Portanto, com esse número cada vez mais crescente de pacientes, vejo uma expansão progressiva da cirurgia plástica brasileira no pós-pandemia. Na Europa, não se busca a cirurgia plástica como no Brasil; por sermos um país tropical, isso estimula uma maior preocupação com o corpo. Há cerca de 50 anos, a população brasileira era formada, em sua maioria, por jovens. Existe uma busca da jovialidade muito grande; há uma necessidade da pessoa de não envelhecer, de buscar a juventude para se manter no mercado de trabalho e para se obter maior aceitação social.

O Brasil é um mercado muito importante na cirurgia plástica, que envolve milhões. Representa um grande volume de investimento financeiro na comercialização de máquinas, aparelhos, clínicas, implantes de silicone, medicamentos e na absorção de pessoas e de dependentes, envolvendo uma ampliação do mercado de trabalho nesse segmento.

A cirurgia plástica brasileira, hoje, no século XXI, é representada por  bons cirurgiões que se assentam sobre os ombros de “gigantes” — que foram os mestres, os cirurgiões brasileiros que formaram várias gerações, fazendo escola — e que elevaram o patamar nacional nos últimos 60 anos, na posição de excelência, de prestígio, de respeitabilidade que ela ocupa no mundo.

Atualmente, qualquer congresso, encontro, simpósio de cirurgia plástica de prestígio contam com a presença de pelo menos um cirurgião brasileiro.

No Rio, nós oferecemos  um curso de formação  na área de cirurgia plástica, com duração de três a quatro anos, reconhecido pelo MEC, cujas vagas são preenchidas integralmente por estrangeiros ávidos por completar sua formação médica e na especialidade sob nossa orientação e expertise. Assim, lembrei-me do saudoso professor Ivo Pitanguy (1926/2016), da sua importância, não só na minha formação cirúrgica e profissional como também na globalidade de minha formação humana, filosófica e ética.

Como dizia o imperador Marco Aurélio: “A filosofia é o único meio capaz de nos oferecer uma orientação”. E a convivência com o mestre Pitanguy como seu residente e mestrando durante quatro anos, levou-me, de forma inexorável, a planos que jamais teria alcançado sem seus ensinamentos.

Certa vez, em 1982, o “professor” (era assim que nós o chamávamos) pediu a um residente espanhol que fizesse o prefácio de um livro; depois seria corrigido por ele. O colega espanhol, sentindo-se atemorizado com tal encargo, transferiu-me a missão. A partir do um mês seguinte, dediquei-me com afinco a esse texto. Ao concluí-lo, a secretária científica da clínica, Elci Hime Baptista, colocou o texto em uma sacola de documento, que diariamente o acompanhava. E Pitanguy, ao se dirigir da casa, na Gávea, para a clínica, lia todas as cartas, protocolos, artigos, telegramas sobre os quais ele tinha que orientar a secretária.

Ao ler o texto que eu havia preparado, ele me convocou. Ao chegar à sua sala, ele disse: “A partir de hoje, você tem que estar junto de mim”. E foi assim que ele me convidou para morar na sua clínica, onde desde então, passei a residir.

Acredito que só aprendemos através da modelagem pessoal, ou seja, através da introjeção de valores, de atitudes, comportamentos e percepções, nos quais absorvemos qualidades e defeitos.

Alberto Caldeira é mestre e doutor em cirurgia plástica, membro titular, por exemplo, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, da Sociedade Americana de Cirurgia Plástica, da American Society of Aesthetic Plastic Surgery e assim vai. Tem mais de 100  trabalhos científicos publicados em revistas nacionais e internacionais. Atende no seu consultório, em Ipanema.

Referência: https://lulacerda.ig.com.br/opiniao-por-alberto-caldeira-cirurgiao-plastico-como-as-pessoas-nao-estao-podendo-viajar-e-estao-mais-isoladas-em-casa-resolveram-investir-em-si-proprias/

Ao mestre Pitanguy, com carinho

Alberto Caldeira
Cirurgião plástico, mestre, doutor, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, da Sociedade Americana de Cirurgia Plástica e do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, membro titular da Federação
Ibero-Latino-americana de Cirurgia Plástica, da American Society of Aesthetic Plastic Surgery
e da International Confederation for Plastic and Reconstructive Surgery. Full-fellow do International College of Surgeons, International Society of
Aesthetic and Plastic Surgery, da ASPS

O Brasil é o segundo país do mundo onde mais se faz cirurgia plástica, em número e procedimentos cirúrgicos estéticos, abaixo dos Estados Unidos. É também o segundo em número de publicações científico-cirúrgicas. A partir da segunda fase da pandemia da COVID-19, houve um crescimento no número de pacientes. Está acontecendo um boom neste início de 2021, e isso em todos os consultórios, mesmo entre a população menos favorecida. Como as pessoas estão mais isoladas, resolveram investir em procedimentos que resultem em uma melhoria da autoestima.

Portanto, vejo uma expansão da cirurgia plástica brasileira no pós-pandemia. O Brasil, por ser um país tropical, isso estimula uma maior preocupação com o corpo. Existe uma necessidade de se buscar a juventude para se manter no mercado de trabalho e para se obter maior aceitação social. Nas décadas de 1960 e 70, a população era formada, em sua maioria, por jovens dos 18 aos 30 anos. Em 1940, a expectativa de vida ao nascer era de 45,5 anos e chegou a 76,3 anos em 2018. Hoje, mais da metade da população encontra-se acima da quarta década de vida.

Há de se considerar a importância econômica desse universo. O Brasil é um mercado que envolve milhões. A cirurgia plástica brasileira, hoje, é representada por cirurgiões de excelência que se assentam sobre os ombros de “gigantes” – os mestres – que elevaram o patamar nacional, nos últimos 60 anos, à posição de respeitabilidade que ela ocupa no mundo. Qualquer congresso de prestígio conta com a presença de pelo menos um cirurgião brasileiro. Assim, lembrei-me do professor mineiro Ivo Pitanguy (1926-2016), da sua importância, não só na minha formação profissional como na globalidade de minha formação filosófica e ética. E a convivência com ele, como seu residente e mestrando, levou-me, de forma inexorável, a planos que jamais teria alcançado sem seus ensinamentos.

Era 1982, o “professor” (como o chamávamos) pediu a um residente que fizesse o prefácio de um livro. O colega, sentindo-se atemorizado com o encargo, transferiu-me a missão. Dediquei-me com afinco. Ao ler, ele me convocou e disse: “A partir de hoje, você tem que estar junto de mim”. E assim me convidou para morar na sua clínica. Só aprendemos através da modelagem pessoal, ou seja, através da introjeção de valores, de atitudes, nos quais absorvemos qualidades e defeitos.

Referência: https://www.em.com.br/app/noticia/opiniao/2021/04/17/interna_opiniao,1257965/ao-mestre-pitanguy-com-carinho.shtml